Se você já entrou no site de alguma das grandes universidades do Reino Unido, provavelmente se deparou com o termo A-levels ou GCE. Essas provas funcionam de forma parecida com o nosso Enem e os britânicos precisam delas para ingressar nas universidades locais. Mas será que você também precisa fazer essa prova? E como funcionam esses exames? Se você tem essas dúvidas, preste atenção neste texto, porque hoje vamos te contar todos os detalhes das A-levels!
A-levels: uma versão britânica do Enem?
Frequentemente, antes de entrar em uma universidade é preciso fazer um teste de admissão, o famoso vestibular. Ainda é comum ver universidades oferecendo provas próprias de ingresso, tanto no Brasil quanto no exterior. Porém, esse sistema acaba sendo pouco prático para os alunos, que precisam fazer várias provas diferentes. Por isso mesmo, muitos países adotam provas padrão que avaliam os estudantes.
Existem algumas provas, como o SAT e o ACT, que são famosas por serem aceitas por universidades do mundo inteiro. Mesmo o Enem pode ser usado para ingressar em instituições internacionais. Sendo assim, era de se esperar que um país como o Reino Unido também tivesse sua própria “versão do Enem”, né?
E-book: lista das Universidades Estrangeiras que aceitam a nota do Enem
Mas, na terra da Rainha, não existe apenas um teste que cumpre a função do nosso Exame Nacional do Ensino Médio, e sim dois. É que o sistema educacional britânico funciona de maneira diferente do nosso.
Por lá, os estudantes terminam o ensino básico entre os 15 e os 16 anos e depois disso fazem um curso preparatório para a faculdade. Ao final de cada uma das etapas de ensino eles fazem uma prova diferente. Ao fim do ensino obrigatório fazem os GCSEs e, para entrar na faculdade, fazem os A-levels, que comprovam nível avançado.
O que é GCSEs?
Antes de fazer os exames de nível avançado, os estudantes britânicos fazem exames de nível básico ou O-Levels (ordinary levels). Se você já leu Harry Potter ou acompanhou os filmes deve se lembrar que os personagens tinham que fazer uma prova chamada N.O.Ms, ou seja, os Níveis Ordinários de Magia.
Essa prova foi inspirada em um exame real que os alunos britânicos precisam fazer chamado General Certificate of Secondary Education (GCSE), ou Certificado Geral de Educação Secundária.
Esse exame é feito ao fim do ensino básico, entre os 15 e os 16 anos. Existem provas de todas as disciplinas, mas apenas a de inglês e a de matemática são obrigatórias. Ainda assim, o mais comum é que os estudantes completem entre 5 e 8 O-levels. Esses exames são importantes para quem quer ingressar no mercado de trabalho, já que os empregadores podem exigir diplomas do GCSE.
Porém, é raro que os alunos sejam aceitos em universidades renomadas apenas com essas notas. A grande maioria das universidades britânicas e algumas universidades internacionais, pedem que os alunos completem um número mínimo de provas de nível avançado: os A-levels.
O que são os A-levels?
A-levels, na verdade, é uma abreviação de General Certificate of Education Advanced Level (GCE A-level), que quer dizer Certificado Geral de Educação em Nível Avançado. Ou seja, os A-levels são uma qualificação educacional para alunos que concluíram o ensino secundário ou a preparação para a universidade.
Esse certificado comprova que os alunos possuem um nível avançado em determinada disciplina. Para conseguir essa qualificação, é preciso ser aprovado em alguma das provas do GCE. Isso quer dizer que, diferente do que acontece no SAT ou no ACT, os A-levels não são uma prova única. Na verdade, eles são compostos de vários exames, um para cada disciplina.
Esses certificados de nível avançado não são obrigatórios no Reino Unido, mas a grande maioria das universidades britânicas exigem um número mínimo de A-levels para admitir os estudantes (geralmente 3). Por esse motivo, quem quer seguir para o ensino superior precisa fazer as provas para conseguir uma vaga na faculdade.
Porém, antes de decidir que A-levels fazer, é importante escolher um curso de interesse. Cada universidade pode determinar um conjunto diferentes de provas para a admissão dos alunos. É improvável que um estudante de Engenharia preste os mesmos exames que um aluno de História, por exemplo.
Essa escolha antecipada é importante porque os alunos britânicos costumam fazer um curso, chamado de sixth form, para se prepararem para os exames.
O sixth form tem duração de dois anos. Ao final do primeiro ano os alunos fazem um teste chamado AS-level. Essa prova serve como 50% da nota dos A-levels, mas também pode servir como um exame independente.
Ao final do segundo ano, os alunos interessados em obter o certificado fazem o A2, que completa os outros 50% dos pontos necessários para conseguir um diploma de A-level. É comum que os alunos façam quatro AS-levels e apenas três A-levels, que é o número mínimo necessário para ingressar na universidade.
Como são as provas do GCE A-level?
As provas do GCE A-levels são organizadas desde 1952. Existem versões diferentes do exame tanto no Reino Unido quanto em países que também adotam a prova como avaliação nacional, como Singapura, onde o governo a elabora em parceria com a Universidade de Cambridge.
No Reino Unido, uma das responsáveis pela organização dos A-Levels e do GCSE é a banca OCR, uma parceria entre as universidades de Oxford, Cambridge e a Real Sociedade de Artes. Mas a versão internacional da prova, que também é aplicada no território britânico, é elaborada pela Cambridge Assessment International Education, que faz parte da Universidade de Cambridge.
A Universidade de Cambridge é uma das organizadores dos A-levels (foto: Olivia Helen Mary/Pixabay)
A Cambridge International é responsável por aplicar o exame em mais de 160 países duas vezes ao ano: em junho e em novembro. Entre suas funções está o auxílio na implementação do chamado “currículo de Cambridge”. Esse currículo é uma padronização do que deve ser passado no curso preparatório para os A-Levels, mas também indica o que é avaliado na prova. Entre as habilidades testadas estão:
- Conhecimento aprofundado da disciplina;
- Capacidade de pensamento independente;
- Saber aplicar conhecimento e compreender tanto situações novas quanto familiares;
- Capacidade de manipulação e avaliação de diferentes tipos de fontes de informação;
- Conseguir pensar logicamente e apresentar argumentos ordenados e coerentes;
- Ser capaz de fazer julgamentos, recomendações e decisões;
- Conseguir apresentar explicações fundamentadas, compreender as implicações e comunicá-las de forma lógica e clara;
- Ter capacidade de trabalhar e se comunicar em inglês.
Para testar todas essas capacidades, as provas das 55 disciplinas disponíveis costumam ser divididas em mais de uma parte. O número de questões e também o seu formato varia de acordo com a disciplina escolhida.
A prova de Sociologia, por exemplo, tem três partes e poucas questões comparadas às outras matérias, porém, todas as questões são abertas. Na primeira e na segunda parte do exame é preciso responder uma das três questões disponíveis em cada, já na terceira é preciso escolher três perguntas para serem respondidas, mas cada uma precisa ser de uma seção diferente oferecida. Os alunos podem levar até uma hora e trinta minutos para responder cada uma das duas primeiras partes e três horas para completar a terceira parte da prova.
Já a prova de Química é inteiramente diferente. Ela é dividida em cinco partes e mistura questões abertas e de múltipla escolha. Na primeira parte da prova os alunos precisam responder a 40 questões de múltipla escolha em uma hora. Já nas partes seguintes, as perguntas são abertas. Algumas precisam de mais explicação, outras pedem cálculos. Porém, ao contrário de provas fechadas, o seu cálculos são levados em consideração e não só o resultado da equação.
Além do formato, que se diferencia das avaliações do College Board (SAT e AP), o conteúdo cobrado nas provas também se destaca. Como indicado no nome do exame, ele cobra conhecimentos em nível avançado.
Na prova de Sociologia de 2018, uma das questões pediu para que os candidatos explicassem “a visão de que o papel da família é a base de manutenção do sistema capitalista” a partir de um texto de dois parágrafos dado na introdução da prova.
Devido à alta complexidade, é muito importante que os alunos interessados em fazer os A-levels se preparem com antecedência, mesmo que eles decidam não fazer um curso preparatório oficial. O primeiro passo é escolher quais disciplinas serão testadas. É possível escolher entre:
Áreas de ensino |
Provas disponíveis |
Ciências |
Biologia; Física; Química; Ciências Marinhas; Gestão Ambiental (apenas nível AS). |
Humanidades e Ciências Sociais |
Geografia; História (duas provas); Sociologia; Hinduísmo (duas provas); Estudos Bíblicos; Estudos Clássicos; Estudos Islâmicos (geral e AS-level); Direito; Divindade (separadas em A-level e AS-level); Economia; Literatura Hindi (apenas AS-level); Perspectivas Globais e Pesquisa; Psicologia. |
Inglês e Literatura |
Inglês - Linguagem; Inglês - Literatura; Inglês - Linguagem e Literatura (apenas nível AS); Inglês Geral (apenas nível AS). |
Línguas |
Afrikaans (geral e AS-level); Alemão (separadas em A-level e AS-level); Árabe (geral e AS-level); Chinês (separadas em A-level e AS-level); Espanhol (apenas A-level); Espanhol como primeira língua (apenas AS-level); Francês (separadas em A-level e AS-level); Hindi (separadas em A-level e AS-level); Língua Espanhola (apenas AS-level); Literatura Espanhola (apenas AS-level); Língua Japonesa (apenas AS-Level); Língua Portuguesa (apenas AS-Level); Português (apenas A-level); Tamil (separadas em A-level e AS-level); Urdu (separadas em A-level e AS-level); Urdu paquistanês (apenas A-level). |
Matemática |
Matemática; Matemática avançada. |
Provas de criatividade e profissionais |
Arte e Design; Ciência da Computação; Contabilidade; Capacidade Cognitiva; Design e Tecnologia; Design e Tecido; Drama; Educação Física; Estudos da Mídia; Mídia Digital e Design; Música; Negócios; Tecnologia da Informação; Turismo e Viagens. |
Como deu para perceber pelas provas oferecidas, algumas disciplinas possibilitam que os estudantes optem por fazer o exame em duas etapas, como acontece tradicionalmente no Reino Unido, ou façam apenas uma prova que conta para a nota completa.
Para saber quais dos exames você precisa fazer, veja quais A-levels são exigidos para o curso do seu interesse na universidade que você escolher e se prepare para tirar a nota indicada.
Como funcionam as notas no GCE?
O sistema de notas é um ponto que demanda muita atenção dos alunos que se preparam para fazer as provas dos A-levels. Além disso, é preciso observar quais são as pontuações mínimas exigidas para cada uma das provas.
As notas no Reino Unido funcionam com uma união de números e conceitos. Ou seja, a cada faixa de pontuação você ganha um conceito diferente.
Cada questão tem sua pontuação indicada ao lado da pergunta. A soma de todas as questões de todas as partes dos testes vai gerar a nota final. Em termos numéricos, as provas gerais valem 200 pontos, que podem ser divididos entre 100 pontos do AS-level e 100 do A2.
Esses pontos são divididos em sete faixas: A*, A, B, C. D, E e U. O conceito U significa que a pessoa não foi aprovada na prova. Embora a faixa de pontos varie um pouco em cada disciplina, é possível dizer que, em média, as faixas funcionam assim:
Nota |
Porcentagem de pontos |
A* |
90%+ |
A |
80 - 89% |
B |
70 - 79% |
C |
60 - 69% |
D |
50 - 59% |
E |
40 - 49% |
U |
0 - 39% |
As melhores universidades costumam pedir para que seus futuros alunos atinjam uma nota que se enquadre nos conceitos A* ou A nas três disciplinas em que forem testados. Apenas 30% de todas as pessoas que fazem os exames conseguem atingir esses conceitos.
Estudantes estrangeiros devem fazer as A-levels?
Embora os estudantes britânicos sejam praticamente obrigados a fazer pelo menos três provas A-levels se quiserem ingressar em uma universidade, o mesmo não vale para os alunos estrangeiros. Na verdade, embora alguns cursos possam exigir provas e até entrevistas, os alunos estrangeiros que querem fazer faculdade no Reino Unido apresentam no mínimo:
- Diploma do Ensino Médio (ou equivalente);
- Histórico escolar;
- Histórico profissional;
- Certificado de proficiência em inglês;
- Personal Statement;
- Cartas de recomendação.
Porém, as maiores universidades britânicas (Oxford e Cambridge) não aceitam nem o Enem nem o diploma do Ensino Médio brasileiro como sendo suficientes para o ingresso nos cursos de graduação. Isso quer dizer que você precisará fazer alguma prova de padrão internacional, sejam elas as do College Board, do International Baccalaureate ou as do A-Level.
Se o seu maior interesse é fazer uma faculdade no Reino Unido, pode ser mais interessante fazer as provas do A-level. Por serem provas de qualificação britânica, elas são aceitas por todas as universidades do país e também por diversas instituições do Canadá, da Oceania, da Europa e da Ásia.
Além de ser aceita internacionalmente, as provas do GCE A-level exigem uma grande carga de estudos. O normal é passar dois anos estudando em cursos preparatórios, mas também é possível estudar em casa e fazer a prova em centros autorizados. De toda forma, a preparação vai te deixar pronto(a) para entrar nas faculdades.
Por outro lado, se você ainda não decidiu em que país deseja estudar, talvez seja mais indicado fazer uma das provas do College Board, a organização estadunidense que criou a padronização de vestibulares. Esses exames são aceitos no mundo todo, incluindo o Reino Unido.
O SAT e o AP são aceitos pela Universidade de Oxford como equivalentes aos A-levels, já a Universidade de Cambridge aceita apenas as notas do AP.
Mas e quanto aos GCSEs? Bom, eles normalmente não são recomendados para alunos estrangeiros que querem ingressar na universidade. São raras as instituições que aceitam somente as notas do exame de nível secundário. Porém, se o seu interesse é estudar para fazer os A-levels em uma escola do Reino Unido, como uma das boarding schools britânicas, é necessário fazer um número mínimo de provas para ser aceito nos colégios.
Como fazer as A-levels?
Apesar de existirem diversos cursos preparatórios para as provas do GCE A-level, esses cursos não são obrigatórios para realizar os exames. Alunos que querem fazer os testes GCE A-level, mas não estudaram em uma “Cambridge School”, ou seja, uma instituição que segue o currículo elaborado por Cambridge, são chamados de “private candidates”.
Ao todo, são mais de 10 mil escolas que seguem o currículo de Cambridge em 160 países. Todas elas estão autorizadas a aplicar as provas do GCE A-level, porém, nem todas essas escolas aceitam private candidates. No Brasil, por exemplo, existem 40 escolas que aplicam a prova, porém apenas 15 delas aceitam candidatos que não estudaram lá. São elas:
- Brazilian International School (SP);
- British Council (SP);
- Colégio Alfa Cem (RJ);
- Colégio Liceu Jardim (SP);
- Colégio Marista de Londrina (PR);
- Colégio Marista Paranaense (PR);
- Colégio Petrópolis (SP);
- Colégio Polo Educacional (SP);
- Colégio Rio Branco Campinas (SP);
- Colégio Santa Úrsula (SP);
- Colégio Stocco (SP);
- Instituição Evangélica de Nova Hamburgo (RS);
- Saint Helena Bilingual Education (PR e BA);
- St Francis College (SP);
- Uni Bilingual School (SC).
Outra possibilidade bastante interessante é fazer as A-levels e o curso preparatório no Reino Unido. Assim, você começa a estudar desde cedo em um dos melhores sistemas educacionais do mundo. Também é possível fazer um curso de preparação online em algumas instituições britânicas.
Que países aceitam os A-levels?
O site Cambridge International disponibiliza uma lista completa de universidades e instituições que aceitam os resultados dos exames internacionais da universidade.
Esses lugares estão espalhados por todo o mundo e incluem instituições renomadas dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Canadá, da Austrália, da Nova Zelândia, da Irlanda, da Alemanha, da Espanha, da Índia, de Singapura, do Egito e diversos outros lugares.
Até no Brasil existem universidades que aceitam essa nota como forma de ingresso. Não dá para falarmos de todas as instituições por aqui, mas separamos algumas das universidades que aceitam as notas do A-levels britânicos que consideramos que podem ser boas opções para quem quer estudar fora do país.
País |
Número de instituições que aceitam os A-levels |
Exemplos de instituições |
Reino Unido |
148 |
Universidade de Oxford (ingresso); Universidade de Cambridge (ingresso); Imperial College London (ingresso); University College London (ingresso); Universidade de Edimburgo (ingresso). |
Estados Unidos |
816 |
MIT (créditos); Universidade de Stanford (créditos); Universidade de Harvard (créditos); Caltech (ingresso); Universidade de Chicago (créditos). |
Canadá |
58 |
Universidade de Toronto (ingresso); Universidade McGill (ingresso); Universidade da Colúmbia Britânica (ingresso); Universidade de Alberta (ingresso); Universidade McMaster (ingresso). |
Austrália |
54 |
Universidade Nacional da Austrália (ingresso); Universidade de Melbourne (ingresso); Universidade de Sydney (ingresso); Universidade de Nova Gales do Sul (ingresso); Universidade de Queensland (ingresso). |
Alemanha |
25 |
Universidade Ludwig-Maximilians (ingresso); Universidade Livre de Berlim (ingresso); Universidade RWTH Aachen (ingresso). |
Espanha |
84 |
Universidade de Barcelona (ingresso); Universidade Autônoma de Madrid (ingresso); Universidade Autônoma de Barcelona (ingresso); Universidade Complutense de Madrid (ingresso); Universidade Pompeu Fabra (ingresso). |
Além de servirem como forma de ingresso, os A-levels podem ser usados como equivalentes acadêmicos de disciplinas básicas dos cursos universitários. Contudo, uma coisa a se prestar atenção é que algumas instituições, principalmente nos Estados Unidos, aceitam as provas dos A-Levels apenas para cortarem créditos acadêmicos, mas não aceitam como critério de ingresso nos cursos. É o caso de Harvard, por exemplo.
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Como você viu, apesar de não serem obrigatórias, as A-levels podem ser muito úteis para aumentar as suas chances de conseguir uma vaga no Reino Unido e em outros países. Sabe o que mais faz a diferença na hora de ingressar nas melhores universidades do mundo? Uma boa preparação!
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