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Doutorado sanduíche: por que e como fazer no exterior?

Se você já pensou em fazer uma pós-graduação, certamente já se deparou com a expressão “doutorado sanduíche" ou “doctoral stay”. Essa modalidade consiste em fazer uma parte do seu curso de doutorado em outra universidade, que pode ser fora ou dentro do seu país. Neste texto nós vamos te explicar quais são as vantagens de optar por um doutorado sanduíche no exterior e te explicar tudo que você precisa saber para aproveitar essa oportunidade!

O que é exatamente um doutorado sanduíche?

O doutorado é o último nível acadêmico que você pode atingir. Ele é um tipo de pós-graduação stricto sensu, assim como o mestrado. Porém, as universidades têm que cumprir uma série de critérios determinados pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para oferecer esse nível de formação.

Intercâmbio na pós-graduação: o que é um doutorado sanduíche?

Isso porque ser doutor ou doutora não é brincadeira. O título demonstra que você tem capacidade de fazer uma pesquisa profunda e contribuir efetivamente com o seu campo de conhecimento. Para isso, no Brasil, é preciso estudar entre três e quatro anos fazendo disciplinas avançadas e defendendo uma tese no final.

Doutorado sanduíche envolve fazer parte da sua pesquisa em outra universidadeDoutorado sanduíche envolve fazer parte da sua pesquisa em outra universidade (Foto: Pxhere)

Quando se opta por um doutorado sanduíche você cursa algumas das suas disciplinas (geralmente as eletivas) em outra universidade. Você pode fazer isso mesmo entre universidades brasileiras. Por exemplo, você pode optar por fazer disciplinas isoladas em outras instituições e depois pedir aproveitamento dos seus créditos.

O que é graduação sanduíche?

No exterior, algumas universidades do mesmo país estabelecem parcerias que tornam esse processo ainda mais fácil. Isso quer dizer que, se você faz um doutorado em Harvard, provavelmente não terá problemas para fazer matérias em outra Ivy League. O mesmo vale entre as instituições do Consórcio de Claremont, por exemplo.

Além de poder fazer disciplinas com outros professores você também terá um(a) novo(a) orientador(a) para te ajudar a realizar a sua pesquisa. Esse é um dos motivos que atrai os pesquisadores para essa modalidade. Assim, é possível ter acesso a outras maneiras de pensar e até a grandes nomes do campo que você estuda.

Por que fazer um doutorado sanduíche no exterior?

Apesar de não ser preciso sair do país para fazer um doutorado sanduíche, essa expressão é mais usada quando fazemos o início e o final do curso na nossa instituição de origem e passamos alguns períodos do meio em uma universidade estrangeira. Seguindo a analogia do sanduíche, o pão (ou a base) seria o nosso curso original e o recheio (complemento) seria o período de 3 a 12 meses no exterior. Mas por que essa modalidade vale a pena?

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1. Te faz ter um currículo de destaque

Fazer um curso de doutorado é uma ótima forma de melhorar o seu currículo. Prova disso é que apenas 0,1% dos brasileiros entre 25 e 64 anos são doutores, número bem abaixo da média mundial que é de 1%, segundo os dados divulgados em 2020 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD). Ainda segundo esta pesquisa, a nação com maior percentual de doutores é a Eslovênia, com 8%, uma taxa bastante acima da média.

Dos 46 países avaliados, o Brasil se encontra na 42.ª posição quando é levado em conta o número de bacharéis, mestres e doutores. O primeiro lugar fica para a Irlanda, onde 63% da população têm algum nível de ensino superior e 2% são doutores.

Nesse cenário de poucos doutores no mundo, fazer um doutorado sanduíche vai destacar ainda mais o seu currículo. Isso vai aumentar as suas chances de conseguir uma vaga de professor em uma universidade particular no Brasil e até conquistar uma vaga em uma instituição internacional, já que você terá criado um networking quando estiver fora.

2. É relativamente fácil de conseguir uma bolsa brasileira

Uma das maiores preocupações dos alunos que querem estudar no exterior é: “como eu vou pagar por isso?”. No caso do doutorado sanduíche, existem muitas possibilidades de bolsas oferecidas por instituições nacionais como a CAPES e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), além de parcerias entre as universidades brasileiras e as internacionais.

10 bolsas de pós-graduação nos Estados Unidos

Esses auxílios geralmente incluem as mensalidades e taxas da universidade estrangeira, as passagens, a acomodação, os seguros necessários e até um auxílio mensal para despesas do dia a dia fora do país. Tudo isso com exigências simples como:

  • Ser brasileiro ou residente permanente;
  • Estar matriculado em um curso de doutorado brasileiro reconhecido pela CAPES;
  • Não ser aposentado;
  • Ter aprovação dos seus orientadores brasileiro e estrangeiro;
  • Não acumular outras bolsas vindas do Tesouro Nacional;
  • Ter domínio do idioma do país de destino comprovado pelo orientador estrangeiro ou conforme regras da universidade de destino.

É possível que a bolsa que você queira se candidatar tenha critérios específicos, mas um detalhe interessante é que, diferente do que acontece nas bolsas para pós-graduação no Brasil, a princípio não é preciso abrir mão de outras fontes de renda. Além disso, você não precisa necessariamente fazer um exame de proficiência, já que a exigência geral é a confirmação do orientador estrangeiro.

Aliás, não existe uma prova padrão para conseguir essa oportunidade. Segundo os critérios disponíveis no site oficial do governo, a seleção é feita a partir da análise do seu currículo, do currículo do seu novo orientador(a), pela relevância da instituição internacional e pela importância da sua proposta de pesquisa para a sua área de conhecimento.

3. Contribui muito com a sua pesquisa

Uma das principais vantagens de fazer um doutorado sanduíche é enriquecer a sua pesquisa. Normalmente, os projetos aprovados para esse tipo de bolsa têm objetos de pesquisa que se beneficiam de uma estadia no exterior. Por exemplo, se você estuda a colonização brasileira pode valer a pena consultar documentos que estão disponíveis nos arquivos de Portugal e que você só teria acesso fazendo uma parte do curso por lá.

Além de engrandecer a sua pesquisa sobre o objeto, fazer um doctoral stay permite que você amplie seus horizontes acadêmicos. Isso acontece porque você vai ter acesso a novas bibliografias que ainda não são usadas no Brasil e também vai ter contato com um método de ensino diferente do que estamos acostumados por aqui.

Uma outra vantagem para a sua pesquisa é ter acesso a laboratórios e equipamentos sofisticados que não necessariamente você teria no nosso país.

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4. Não precisa revalidar seu diploma no Brasil

É claro que fazer um PhD diretamente no exterior é uma experiência muito enriquecedora, mas ela possui um empecilho: o seu diploma não é válido no Brasil. Para conseguir o reconhecimento nacional é necessário revalidar o seu diploma. No caso do doutorado esse processo pode ser feito por qualquer instituição com curso de doutorado reconhecido pela CAPES, seja pública ou particular.

Como revalidar o seu diploma quando voltar para o Brasil?

Se o seu curso de PhD foi feito em uma grande instituição, provavelmente você não terá grandes problemas para conseguir o diploma brasileiro. Mesmo assim, é necessário defender o seu trabalho novamente e o processo pode levar algum tempo.

Já no caso do doutorado sanduíche, você não vai ter essa preocupação. Além de ter todas as vantagens de estudar fora, o seu diploma será emitido pela sua instituição de ensino no Brasil. Assim, você já será automaticamente doutor ou doutora quando terminar o seu curso.

5. Você ganha enriquecimento cultural

Sem dúvidas fazer um doutorado sanduíche contribui muito para a sua vida profissional e acadêmica, mas também é vantajoso para a sua vida pessoal. Estar fora do país é uma experiência rica que te permite conhecer novas culturas, visitar atrações conhecidas internacionalmente, fazer grandes amizades e compreender melhor o mundo e o país em que vivemos. Agora, ter essas experiências todas e ainda o título de doutor é o melhor dos dois mundos!

Como fazer um doutorado sanduíche?

Já deu para perceber que optar por um doutorado sanduíche é bastante vantajoso. Depois de ler tudo isso você deve estar pensando: “será que é muito difícil conseguir fazer um curso assim?”. Na verdade, esse pode ser um processo bem mais simples do que tentar entrar em um curso de PhD diretamente.

Grande parte da facilidade do doutorado sanduíche é que você, normalmente, não vai precisar fazer provas nem de idiomas nem de ingresso. Mas, se é assim, como acontece essa seleção e como conquistar essa oportunidade? Para isso é preciso seguir alguns passos.

1. Pesquise sobre seus autores favoritos

O doutorado sanduíche tem uma característica única: para conseguir uma chance, você precisa ter contato com um professor no exterior. É muito raro encontrar uma aba nos sites das universidades oferecendo um “doctoral stay” ou vagas para alunos que queiram um sanduíche. Mesmo pesquisando nos sites é difícil encontrar informações sobre os “graduate visiting students”, como são chamados esses alunos.

Por isso, se você quer mesmo ir para fora durante parte do seu curso, o mais comum é entrar em contato com um professor do seu interesse que dê aulas em um programa de PhD no exterior. Por isso mesmo, o primeiro passo para conquistar uma oportunidade é escolher quem será o seu orientador enquanto você estiver fora do país.

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É claro que, para dar tudo certo, você não pode escolher esse professor de forma aleatória. Essa pessoa tem que ser importante para a realização da sua pesquisa. A melhor maneira de escolher alguém que se relacione com o que você estuda é buscar na bibliografia do seu trabalho.

Cada vez mais o mundo acadêmico exige que os alunos usem referências atualizadas e, de preferência, internacionais. Comece olhando onde esses pesquisadores trabalham e conhecendo mais sobre os seus projetos. Assim você vai descobrir quem tem maiores chances de gostar da sua pesquisa.

2. Participe de eventos das suas universidades favoritas

Depois que você fizer uma lista de professores que te interessam, pesquise sobre as universidades onde eles lecionam e sobre os programas de pesquisa em que eles atuam. Identifique com o que eles trabalham e quais são os tipos de projetos que fazem parte do programa atualmente. Se eles tiverem relações com o seu projeto, isso é um bom sinal

É muito difícil conseguir todas as informações que você precisa apenas no site da instituição. A boa notícia é que as universidades internacionais costumam promover eventos para divulgar as instituições online. Neles você conhece mais sobre os projetos em desenvolvimento e sobre os professores.

Muitas vezes esses eventos também têm espaço para fazer perguntas sobre o próprio curso. Então uma dica é anotar tudo que você ainda quer saber e perguntar para os professores e alunos neste espaço, ou então enviar um e-mail para a secretaria do programa com as questões. Nem todos os lugares aceitam alunos para doctoral stay, então vale a pena perguntar.

3. Entre em contato com um professor no exterior

Depois que você já tiver bastante conhecimento sobre a universidade e sobre os trabalhos do(a) professor(a) com quem você quer trabalhar, chegou a hora de mandar um e-mail. Lembre-se que as pessoas no exterior são bem mais formais do que no Brasil, então use o tom adequado.

Algumas dicas para escrever um e-mail formal são começar com uma saudação cordial e dizer qual é o assunto de forma concisa. Diga que tem interesse em fazer um “doctoral stay” ou “sandwich phd” com esse(a) professor(a) e como a sua pesquisa conversa com os trabalhos já desenvolvidos tanto na universidade quanto por aquele pesquisador.

Outro caminho pode ser por meio do seu orientador aqui no Brasil. Muitos pesquisadores brasileiros mantêm contato com universidades e professores internacionais. É relativamente comum encontrar professores brasileiros que já passaram pela experiência de um doutorado sanduíche ou uma pesquisa de pós-doutorado no exterior. Essas experiências podem facilitar o seu contato com pessoas lá fora.

4. Se inscreva para a bolsa de estudos

Algumas universidades oferecem programas chamados non-degree que permitem que alunos visitantes, como os de doutorado sanduíche, estudem pagando taxas. Porém, o mais comum é que os estudantes deste tipo recebam algum tipo de bolsa.

Quando se trata de doutorado sanduíche, nosso primeiro pensamento são as bolsas nacionais, oferecidas pela CAPES ou pelo CNPq. Porém, essas não são as únicas oportunidades para quem quer fazer um doctoral stay. Algumas instituições e governos no exterior têm seus próprios programas de financiamento.

Antes de enviar um e-mail para o(a) professor(a) que você escolheu, busque por bolsas disponíveis para financiar seus estudos. Escolha uma ou duas opções e saiba como elas funcionam. Assim que você já tiver feito contato com seu orientador internacional, comece a separar tudo o que você precisa.

A maioria das inscrições para bolsas de doutorados sanduíche acontece anualmente. Reserve um tempo para elaborar tudo o que você precisa, como projeto de pesquisa, personal statement, cartas de recomendação e provas de idiomas (se necessárias). Quanto mais você se preparar, maiores serão suas chances de sucesso.

Quais são as melhores bolsas para um doctoral stay?

A grande vantagem do programa do governo brasileiro é que ele fica disponível para qualquer destino. Já nos outros casos as opções são mais limitadas. A Fulbright, por exemplo, funciona apenas para programas dos Estados Unidos, enquanto a DAAD serve para quem quer cursos na Alemanha. Veja as características de algumas das bolsas mais buscadas:

Bolsas brasileiras (CAPES/CNPq)

Nós já tratamos bastante dessas bolsas neste texto. Elas realmente são muito interessantes, já que cobrem todos os seus gastos, têm poucas exigências e ainda podem te levar para qualquer lugar do mundo. Por outro lado, elas possuem uma limitação: a sua universidade.

Inicialmente era possível que um aluno aplicasse diretamente para o programa de bolsas do governo brasileiro. Hoje, porém, essa inscrição passa pelo seu programa de pós-graduação. As bolsas são distribuídas para as universidades e depois para os PPGs. Ou seja, se sua universidade é menor pode ser que não tenha bolsas disponíveis para ela ou mesmo que as bolsas sejam muito concorridas.

Fulbright

A Fulbright é um programa de bolsas dos Estados Unidos financiado tanto pelo governo do país quanto por empresas privadas. O programa atende vários tipos de bolsistas para áreas de estudos diversas. Sua amplitude faz com que esta seja uma das opções favoritas dos brasileiros que querem fazer doutorado sanduíche.

Os critérios adotados pela Fulbright são muito similares aos da CAPES. Os benefícios também são similares, com bolsa para taxas do curso, auxílio para instalação e manutenção, passagem, visto, seguro viagem entre outros benefícios que você pode conferir no site. O lado negativo é que apenas quem quer estudar nos Estados Unidos pode participar.

DAAD

O Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) é um programa de bolsas muito abrangente oferecido há quase 100 anos. No caso dos alunos estrangeiros, as exigências básicas são ter um diploma de bacharel e experiência profissional de dois anos. As bolsas específicas podem seguir outros critérios, como a proficiência no idioma.

O programa tem um sistema próprio de buscas que facilita a pesquisa por uma bolsa que se encaixe no seu perfil. Atualmente existem 25 bolsas para alunos e pesquisadores brasileiros a nível de doutorado. Algumas delas envolvem uma cotutela (sistema parecido ao sanduíche, mas que envolve fazer doutorado em duas instituições ao mesmo tempo) e outras cobrem apenas curtos períodos de tempo, típico do doctoral stay.

Como existem várias modalidades de bolsas DAAD, é necessário ler detalhadamente os requisitos do auxílio. Pode acontecer de alguma bolsa estar disponível apenas para estudantes visitantes de alguma área e não para qualquer curso.

Doutorado sanduíche ou PhD no exterior?

Fazer um doutorado sanduíche no exterior é uma oportunidade incrível, principalmente para quem já começou o curso aqui no Brasil. Mas isso não quer dizer que fazer o curso completo no exterior não vale a pena. Então como saber qual é a melhor opção para você? Para avaliar melhor suas possibilidades, clique aqui para descobrir como é um curso de PhD e como conquistar uma vaga assim!

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Ana Resende Quadros
AUTOR

Ana é jornalista, mestra e doutoranda em Comunicação. Sua paixão é levar informação e conhecimento para todos e, assim, contribuir para a ampliação da cidadania.

09 Nov 2021

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