10 principais dúvidas sobre como estudar na França

A França é um dos destinos favoritos dos brasileiros quando escolhem um país para visitar no exterior. Paris, a capital francesa, foi eleita pela Forbes um dos melhores lugares para conhecer. Mas e se, ao invés de apenas viajar para lá, você fosse estudar na França? Saiba que isso não só é possível, mas também é muito vantajoso! Quer saber todos os detalhes de como aproveitar essa oportunidade? Então confira este texto! 

O que você precisa saber sobre como estudar na França

Algumas coisas todo mundo sabe sobre a França: o país tem excelentes universidades, é cheio de pontos turísticos famosos, tem muitos museus importantes, como o Louvre, e vários acadêmicos e artistas reconhecidos em todo o planeta vieram de lá.

Por outro lado, você sabe se o ensino francês é gratuito ou pago? E como funciona uma faculdade francesa? Será que precisa fazer alguma prova para estudar por lá? Pois é, nós não sabemos muitas coisas sobre o país e acabamos ficando com várias perguntas na cabeça. Para tentar te ajudar com isso, resolvemos responder algumas das principais dúvidas sobre estudar na França.

1. O que é preciso para estudar na França?

A primeira coisa que você precisa entender é que existem vários tipos de oportunidades de intercâmbio na França e cada uma delas vai exigir documentos e qualificações específicas. Por exemplo, se a sua intenção é fazer um curso de idiomas por menos de três meses, você não vai precisar tirar um visto de estudante. Isso porque os brasileiros podem passar até 90 dias sem visto por lá.

De forma geral, para estudar na França é necessário:

1. Ter concluído o Ensino Médio;
2. Ter sido aprovado em um vestibular brasileiro na área que você deseja estudar nos últimos dois anos;
3. Ter conhecimentos de francês (ou inglês, dependendo do curso);
4. Fazer uma candidatura;
5. Tirar passaporte e visto de estudante.

Para tirar o visto de estudante francês é preciso ter sido aprovado em uma instituição de ensino antes de solicitar o documento. Também é necessário criar um dossiê na plataforma Études en France, pagar uma taxa e fazer uma entrevista pré-consular (em alguns casos).

Com o visto de estudante é permitido trabalhar durante 87,5 horas por mês para auxiliar na sua renda. Isso equivale a 60% da jornada normal de trabalho. Mesmo trabalhando menos horas, o salário mínimo é obrigatório. Quem trabalha por lá recebe ao menos 10,25 euros por hora. O valor líquido é um pouco menor, já que é cobrada uma taxa social. 

2. Como é organizado o ensino superior na França?

A França tem mais de 3.500 instituições de ensino superior.  Dessas, 3 mil são privadas, segundo o Campus France. Elas costumam oferecer cursos preparatórios para as grandes écoles (vamos falar delas mais para frente) e também cursos técnicos que preparam para formações mais completas.

Já as instituições públicas se dividem entre universidades, grandes écoles, escolas independentes de Artes e Arquitetura, além de faculdades especializadas em áreas como Moda, Cinema, Hotelaria, Jornalismo, Artes Cênicas e Serviço Social. Estima-se que 75% dos alunos internacionais se concentram nas universidades públicas francesas.

Diferente do que acontece no Brasil, muitas instituições de ensino superior da França estão organizadas em agrupamentos conhecidos como PRES (abreviação de pôles de recherche et d'enseignement supérieur, ou centros de pesquisa e ensino superior, em português). Esses centros reúnem universidades, institutos de pesquisa e escolas especializadas. Os membros de cada PRES compartilham recursos e colaboram na pesquisa e na oferta de cursos, com diplomas às vezes conferidos pelo PRES geral, em vez de uma única instituição.

3. O que é uma Grande École?

Uma das maiores peculiaridades da França é o sistema de grandes écoles. Elas são caracterizadas pelo corpo estudantil reduzido e processos seletivos rigorosos e competitivos. Além disso, geralmente especializam seus estudantes em um único campo de conhecimento, como Negócios ou Engenharia, embora algumas atuem em uma ampla variedade de assuntos.

Os caminhos mais comuns para ingressar em uma grande école são:

1.  Fazer um concurso depois de passar dois anos em classes preparatórias;
2. Depois do baccalauréat ou
3. Por meio de análise de diplomas e percursos acadêmicos.

Uma alta proporção dos principais políticos, funcionários públicos, líderes empresariais e pesquisadores do país passaram por instituições como essas.

Exemplos de grandes écoles importantes incluem a École Normale Supérieure (ENS Paris) e a École Polytechnique. Uma desvantagem das Grande Écoles, por outro lado, é o seu custo. Os valores cobrados por elas costumam ser superiores ao praticado pelas universidades.

Entrada da École Polytechnique

4. Quais graus as instituições francesas oferecem?

As universidades francesas oferecem três níveis de formação conforme os padrões estabelecidos pela União Europeia. O sistema L-M-D é composto da licenciatura (concluída em 3 anos), do mestrado (exigindo mais 2 anos) e do doutorado (geralmente outros 3 anos).

Dentro dessas formações também existem subdivisões. Um exemplo são os cursos profissionalizantes curtos que são concluídos em dois anos, chamados Diplomas Universitários Tecnológicos (DUT). Já os mestrados são divididos entre “pesquisa” (para aqueles que pretendem fazer doutorado) ou “profissional'” (para quem pretende entrar no mercado de trabalho). No total, esse sistema francês oferece nove anos de estudo.

Apesar de o mestrado ser dividido entre profissional e acadêmico, o primeiro ano do curso é igual para os dois casos. É só no segundo ano que o(a) aluno(a) escolhe entre uma pesquisa acadêmica e estágios. Já o doutorado exige a redação de uma tese sobre um tema, além da participação de seminários e estágios de pesquisa.

5. Qual a melhor faculdade da França?

Além de escolher o país certo para você, também é preciso escolher que curso fazer e em qual universidade estudar, não é mesmo? Quem quer estudar na França pode escolher entre excelentes instituições.

Melhores universidades da França: TOP 4

Segundo a edição mais recente do QS World University Rankings, a melhor faculdade da França é a Université PSL. Pode ser que você nunca tenha ouvido falar dela e ache que instituições tradicionais, como a Sorbonne, sejam melhor classificadas. Mas desde a primeira vez que foi avaliada, a PSL está entre as 100 melhores do mundo.

Criada em 2010, a Université PSL, reúne algumas instituições fundadas na época do Iluminismo, lá no século XVIII. Seu nome completo é Universidade de Pesquisa em Ciências e Letras de Paris. Apesar do nome, o melhor curso da instituição é o de Matemática, considerado o 13º melhor do mundo pelo QS by Subject.

6. Como se candidatar para estudar na França?

Para estudar na França, candidatos de 44 países (incluindo o Brasil) devem fazer as aplicações a partir do sistema Campus France, oferecido pelo próprio governo francês. Por lá, é possível tanto se inscrever para estudar em uma universidade francesa, quanto fazer a solicitação do visto de estudante, que é necessário para estudar no país.

A aplicação feita por meio do Campus France garante a candidatura para até sete cursos nas universidades francesas. Para isso é preciso:

1. Fazer o cadastro no Campus France;
2. Preencher um formulário online (que exige o original e traduções juramentadas do seu histórico escolar, diplomas, cartas de recomendação e atestado de proficiência);
3. Registro dos cursos desejados;
4. Submissão do seu dossiê;
5. Pagamento de taxa administrativa;
6. Entrevista com o Campus France.

É importante lembrar que nem todas as instituições da França estão conectadas ao Campus France. Isso quer dizer que se você quer estudar em um desses lugares é preciso fazer sua candidatura diretamente pelo site da sua universidade francesa escolhida. Esse processo pode exigir documentos diferentes do padrão para estudar na França.

Outra observação é que o processo não se destina a pessoas que desejam obter um diploma do tipo BTS nem ingressar em instituições como Grande Écoles, Escolas de Artes, Gastronomia, Universidades Católicas ou Institutos de Ciências Políticas. A prioridade do Campus France é o ingresso em universidades públicas francesas.

Por meio desta aplicação é possível concluir o seu ensino na França fazendo uma transferência nos primeiros anos de graduação ou pós-graduação. Porém, se o seu desejo é fazer um intercâmbio acadêmico e não estudar durante todo o curso na França, é preciso consultar normas específicas da sua universidade no Brasil.

7. É preciso ser fluente em francês?

A grande maioria dos cursos de graduação é, sim, ministrada em francês. Apesar disso, o Campus France indica que mais de 1300 cursos em universidades francesas são oferecidos em inglês. Isso acontece principalmente no caso das pós-graduações, o que pode ser um diferencial para quem ainda não tem fluência na língua francesa.

Para comprovar a sua capacidade de fazer o curso escolhido, um exame de proficiência pode ser solicitado. Cursos ministrados em inglês costumam exigir o IELTS ou TOEFL. Já para os cursos com aulas em francês é necessário apresentar diplomas do DELF ou DALF. A recomendação é que os alunos tenham ao menos o nível B1 do Quadro Comum Europeu do domínio do idioma para graduação e B2 caso você queira estudar na França durante a pós-graduação.

 

 

 

 

 

 

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Uma publicação compartilhada por YOUR best #ParisObviously (@parisobviously) em 13 de Jan, 2020 às 4:20 PST

8. Quanto custa uma faculdade na França?

As universidades públicas da França oferecem ensino superior a um custo muito baixo, com taxas simbólicas. As tarifas são definidas nacionalmente, com as mesmas taxas sendo cobradas tanto dos estudantes nacionais como dos internacionais. Por exemplo, a taxa anual de graduação fica em torno dos €200 (mais ou menos R$1.290). No caso do mestrado e do doutorado, o valor anual fica em cerca de €260 e €400, respectivamente (entre R$1.680 e R$2.585).*

*Valores convertidos em 20 de maio de 2021

Quanto custa fazer faculdade no exterior?

Nas instituições privadas, as taxas são significativamente mais altas (mesmo assim ainda são baixas em comparação com outros países). Elas variam de €3.000 a € 10.000 por ano, embora algumas escolas possam cobrar até € 30.000.

9. Tem como fazer faculdade na França de graça?

Com certeza! Por lá, existem bolsas de estudos oferecidas tanto pelo governo quanto pelas universidades, que podem ser aplicadas na graduação e na pós-graduação. E elas estão disponíveis também para estudantes internacionais.

Existem vários formatos de bolsas. Algumas oferecem um auxílio mensal (geralmente de  €1.000) e outras dão aos estudantes um valor anual que pode passar dos 20 mil euros. Para acompanhar as bolsas para estudar na França, uma recomendação é acessar a plataforma Campus Bourses.

Nesse site é possível encontrar auxílios fornecidos pelo governo francês e de outros países. Cerca de 25% das bolsas vêm do Ministério de Relações Exteriores, mas também é possível encontrar opções do Ministério do Ensino Superior e das cidades ou regiões da sua universidade. Além disso, existe o programa de bolsas Erasmus, que atende toda a União Europeia.

10. Quanto é o custo de vida na França?

Como era de se esperar, o custo de vida da França não é barato, A calculadora Expatistan estima que os franceses têm gastos maiores do que em 72% dos países do mundo. Por outro lado, a França tem um custo de vida mais barato do que 67% dos outros países da Europa Ocidental.

Também não é surpresa para ninguém que é mais caro viver  em Paris do que em outros lugares do país. O Campus France recomenda, por exemplo, um orçamento mensal de €1.000 para estudantes em Paris e €800 para aqueles fora da capital. Já a Expatistan recomenda um orçamento ainda maior, de €3.320, incluindo alimentação, moradia, roupas, cuidados pessoais, transporte e entretenimento. Mas se você estiver mais focado em estudar do que em se divertir enquanto estiver na França, pode ser que gaste menos.

O custo de vida em Paris é maior principalmente pelo caráter turístico da cidade

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Este texto foi escrito por Lucas Almeida (2019) e Ana Resende Quadros (2021)