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Intercâmbio na China: o que saber antes de ir?

Pode ser que fazer um intercâmbio na China não tenha sido a primeira opção a passar pela sua cabeça. Mas você sabia que a China tem um dos melhores sistemas de ensino do mundo, tanto em nível básico quanto superior? E imagina as oportunidades de emprego que a segunda maior economia do planeta pode oferecer? Tentador, não é? Então venha conhecer como é a experiência de fazer um intercâmbio na China e o que você precisa saber antes de viajar para lá!

Por que fazer um intercâmbio na China?

A China realmente tem muitos atrativos em termos de educação e oportunidades de emprego. Mas o mesmo pode ser dito de outros países asiáticos, como o Japão e a Coreia do Sul. Então por que você deveria escolher a China e não algum desses outros países?

Confira abaixo alguns motivos que tornam a China um lugar especial para fazer intercâmbio!

1. A comida é muito boa (e barata!)

A comida da China é popular no mundo todo, mas estudando lá você vai ver que nada pode competir com a verdadeira culinária chinesa. Com os jianbing (crepes) crocantes no café da manhã e os baozi (bolinhos) quentes, os intercambistas que estudam na China não têm do que reclamar. Tão bom quanto a comida é o preço dela: você encontra uma refeição decente por cerca de R$12.

2. O custo de vida é baixo

Se uma das suas maiores preocupações em estudar no exterior é a parte financeira, a China é uma ótima opção. Isso porque o custo de vida no país é relativamente baixo. Além da comida, que já falamos anteriormente, coisas como transporte público e moradia também são bastante baratas.

Mesmo sendo, em média, 36% mais caro viver na China quando comparado ao Brasil, o país sai na frente de outros destinos populares. O custo de vida na China é 37% mais barato do que o do Japão e 36% mais em conta que o dos Estados Unidos, segundo dados da calculadora Expatistan.

3. Você vai aprender uma das línguas mais faladas do mundo

O mandarim é falado por mais de 900 milhões de pessoas em todo o mundo. Sendo assim, estudar o idioma é uma ótima maneira de aprender sobre a cultura chinesa e fazer amizade com os habitantes locais. Não se deixe intimidar pela escrita complicada e pela variação de entonação: ainda é relativamente fácil aprender mandarim básico. Você vai estar conversando com seus vizinhos (na língua deles!) em pouco tempo.

4. Mas você não precisa ser fluente em mandarim para estudar lá

Por mais que você acabe aprendendo alguma coisa ou outra enquanto estiver na China, não é necessário ser fluente em mandarim quando chegar lá. Isso porque muitos cursos no país são ministrados em inglês, o que acaba sendo muito útil para quem quer ter uma experiência de intercâmbio breve.

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5. Vai te ajudar profissionalmente

Fazer intercâmbio na China é uma ótima maneira de aprimorar seu currículo e melhorar suas opções de carreira.

O conhecimento de uma língua estrangeira ainda pouco falada por brasileiros e a compreensão de outra cultura são habilidades que você pode trazer para sua vida profissional que vão te ajudar a conseguir o emprego perfeito depois de se formar.

Além disso, muitas empresas trabalham em colaboração com o mercado e as corporações chinesas. Dessa forma, sua experiência na China vai te dar vantagem sobre a concorrência!

6. Você vai sair da sua zona de conforto

A cultura chinesa é completamente diferente da brasileira. Isso pode parecer preocupante a princípio, mas esse choque cultural vai ser muito importante para você sair da sua zona de conforto e conhecer mais do mundo.

Uma boa ideia é pesquisar bastante os costumes da região antes de ir. Assim, você vai estar mais preparado(a) e também vai diminuir suas chances de ofender moradores locais sem saber, o que é sempre uma coisa boa!

7. Você tem várias opções de cidades para estudar

A China é um país imenso e 20 cidades de lá têm mais de 3 milhões de habitantes. Isso significa que existem muitas opções para você decidir onde estudar!

Se você está interessado em uma experiência mais urbana, pode ir para Xangai ou Hong Kong, que é um território autônomo do país. Se quer se aprofundar mais na história do país, Pequim é um ótimo destino. Há ainda outras opções, inclusive em áreas mais rurais!

Além disso, o QS Best Student Cities classificou três cidades chinesas como estando entre as 100 melhores do mundo para quem quer estudar fora. Segundo a lista, Pequim, a capital do país, é a 25.ª melhor cidade estudantil do mundo, seguida nacionalmente por Xangai (37.ª) e Nanjing (95.ª). Outro destaque é a cidade de Wuhan, que ficou em quarto lugar nacional e 102.º no planeta.

1-fazer-intercambio-na-china Pequim: poucas cidades do mundo misturam tão bem o moderno com o antigo quanto a capital chinesa.

Como fazer intercâmbio para a China?

A China é um país cheio de opções para quem quer fazer intercâmbio. Um dos pontos fortes do país é oferecer oportunidades para quem quer se desenvolver profissionalmente. É fácil encontrar programas para estrangeiros tanto no Ensino Médio quanto em programas universitários, seja graduação, pós-graduação ou cursos de idiomas.

Uma coisa que qualquer brasileiro precisa fazer antes de ir para a China é solicitar um visto. Existem doze categorias de vistos emitidos pela embaixada chinesa. A modalidade de visto necessária varia de acordo com o que você pretende fazer no país e quanto tempo vai ficar por lá.

Os dois tipos mais comuns entre os intercambistas são o visto de negócios (F) e o visto de estudantes (X).

O visto F é emitido para pessoas que não participam de “atividades de intercâmbio, visita, estudo, entre outras”. Já o visto de estudante é dividido em duas modalidades: o X1, para quem vai estudar por menos de 180 dias; e o X2, para quem vai estudar na China por mais de 6 meses.

Outras possibilidades comuns são o visto de turismo (L) e o visto de trabalho (Z). Se você optar pelo visto de turismo, não poderá trabalhar nem fazer negócios (como cursos) na China. Esse visto é concedido para pessoas que viajam para lá por assuntos familiares ou de lazer. Já o visto profissional serve para quem tem algum vínculo de trabalho com alguma empresa chinesa.

Além do visto, cada uma das oportunidades de intercâmbio na China tem requisitos específicos que vamos tratar neste tópico. Algumas são mais criteriosas em suas seleções e outras são acessíveis a grande parte do público. As melhores oportunidades são:

Ensino Médio

A China tem o melhor sistema de ensino básico do mundo, de acordo com os resultados do Pisa. A educação obrigatória por lá termina aos 15 anos. Depois deste período os alunos que desejam ir para a faculdade precisam fazer o Ensino Secundário Sênior, que funciona de forma similar ao Sixth Form do Reino Unido.

É nessa fase de ensino que é comum encontrar alunos estrangeiros. Existem três modalidades voltadas para os estudantes internacionais: o ensino de idiomas, o preparatório para cursos superiores e os cursos lecionados em inglês. No caso desses últimos as aulas seguem programas internacionais, como o International Baccalaureate.

Uma coisa a se prestar atenção é que alunos com menos de 18 anos precisam ter um guardião legal na China. Algumas empresas oferecem o serviço de encontrar um guardião chinês para você. Outra opção é se mudar para lá neste período com um responsável. Porém, existem algumas cidades que não solicitam guardiões para pessoas com pelo menos 16 anos.

Datong High School - na China é possível fazer intercâmbio no Ensino MédioNa China é possível fazer intercâmbio no Ensino Médio (Foto: Datong High School/Wikimedia Commons)

Faculdade na China

A China é um dos principais destinos de estudos do planeta. Em torno de 500 mil alunos vêm de todas as partes do mundo para estudar nos programas de lá. Entre as opções estão até mesmo cursos lecionados inteiramente em inglês.

Segundo a instituição Quacquarelli Symonds, o país é o oitavo com o melhor sistema de educação superior. Isso justifica o alto índice de universidades chinesas entre as 100 melhores do mundo. Ao todo, 58 instituições entraram para a QS World University Ranking.

TOP 5 países com mais universidades entre as 100 melhores do mundo

A líder entre as chinesas é a Universidade Tsinghua, localizada em Pequim. Ela é a 17.ª melhor instituição de ensino superior do mundo e uma referência quando o assunto é estudo de novas energias e tecnologia. A lista das 10 melhores universidades chinesas inclui:

  1. Universidade Tsinghua (17.ª colocada);
  2. Universidade de Pequim (18.ª colocada);
  3. Universidade Fudan (31.ª colocada);
  4. Universidade de Zhejiang (45.ª colocada);
  5. Universidade Jiao Tong de Xangai (50.ª colocada);
  6. Universidade de Ciência e Tecnologia da China (98.ª colocada);
  7. Universidade Nanjing (131.ª colocada);
  8. Universidade Tongji (211.ª colocada);
  9. Universidade Wuhan (225.ª colocada);
  10. Instituto de Tecnologia Harbin (236.ª colocada).

Uma boa notícia para quem quer estudar na China é que o país está aberto a alunos internacionais. Uma das políticas de incentivo para a chegada de estrangeiros é o sistema de bolsas chinês (que vamos falar mais para frente). Mas a própria seleção e estrutura dos cursos também são acessíveis.

Os cursos de bacharelado na China costumam ter a mesma duração dos brasileiros, girando entre 4 e 5 anos. Porém, o processo de aplicação para as universidades lá é um pouco diferente do que acontece por aqui. Isso porque cada universidade pode escolher seus próprios critérios de aprovação. Geralmente, alunos em nível de graduação precisam:

  • Ter completado um curso de Ensino Médio;
  • Ter notas em uma prova de padrão internacional (SAT, IB, A-level, ACT, etc);
  • Não ter ficha criminal;
  • Ter 18 anos ou mais até o dia de início do curso;
  • Comprovar nível em mandarim ou inglês (às vezes ambos).

Na China, o convencional é fazer uma aplicação para cada universidade em seus próprios portais. Para isso é preciso preencher um formulário do site da universidade e pagar uma taxa de inscrição. Porém, também existe um portal oficial de aplicação única: o CUCAS.

O China's University and College Admission System ou o Sistema Chinês de Admissão para Universidades e Faculdades (CUCAS) funciona de maneira similar ao Common App dos Estados Unidos.

Nele, os alunos pagam uma taxa de 50 dólares para usar o serviço e mais uma taxa de aplicação para as universidades. Porém, com uma única inscrição para várias instituições chinesas ao mesmo tempo.

Universidade Tsinghua é uma das melhores opções para fazer intercâmbio na ChinaA Universidade Tsinghua é uma das melhores opções para fazer intercâmbio na China (Foto: N509FZ/Wikimedia Commons)

Pós-graduação

A China oferece dois tipos de pós-graduações: os mestrados (entre 2 e 3 anos) e os doutorados/PhDs (entre 3 e 5 anos).

Para se candidatar para um curso de pós-graduação na China, é preciso comprovar que você tem o nível necessário para fazer aquele curso, ou seja, apresentar seu diploma de graduação ou mestrado.

Existem duas principais diferenças entre os requisitos da pós em relação aos cursos de bacharelado: o nível do idioma e as cartas de recomendação.

Para fazer faculdade não é preciso (geralmente) apresentar cartas de recomendação, já que a seleção é mais baseada na sua capacidade acadêmica.

Por outro lado, na pós-graduação, além de ter cartas de recomendação de dois professores, também é preciso ter um nível mais alto no idioma escolhido. A maioria das universidades pede para que os candidatos apresentem níveis avançados ou em mandarim ou em inglês.

Assim como acontece em outros países, cada curso de pós-graduação pode ter critérios específicos para o ingresso de novos estudantes. É preciso consultar no curso de seu interesse o que é necessário para estudar por lá. Porém, é comum encontrar programas que pedem até mesmo experiência profissional.

Cursos de mandarim

Os cursos de curta duração são os melhores para quem não quer se preocupar com muitos critérios de admissão. Em algumas universidades chinesas é possível encontrar cursos de até 20 semanas disponíveis para alunos com qualquer nível de formação.

Em outros lugares, por outro lado, existe uma idade mínima para fazer os cursos: 18 anos. Além disso, certas instituições pedem que os alunos tenham diploma do Ensino Médio. A maioria dos lugares não pede comprovação do seu nível de idioma (seja inglês ou mandarim).

Uma modalidade bastante popular entre esses tipos de cursos são os cursos de mandarim. No site do CUCAS é possível encontrar centenas de ofertas em diversas universidades chinesas. Esses cursos vão de duas semanas até dois anos.

O valor mais baixo que se paga por um curso de mandarim nesses lugares é de 2.500 renminbi (moeda chinesa), ou pouco mais de 2 mil reais.

Quanto custa estudar na China?

Nós já te dissemos que o custo de vida na China é consideravelmente mais barato do que em outros países com educação de ponta, como o Reino Unido e os Estados Unidos. Mas outro diferencial entre os chineses é o custo das taxas anuais cobradas pelas universidades.

Por lá, as melhores universidades são públicas. Porém, diferente daqui, todas elas cobram taxas dos seus estudantes. Ainda assim, os custos de um ano em universidades chinesas é significativamente mais barato do que aqueles praticados nos Estados Unidos, por exemplo.

A exemplo do que acontece em lugares como o Canadá e alguns países europeus, as anuidades cobradas dos alunos internacionais são mais caras do que aquelas pagas por alunos chineses. Além disso, fatores como a universidade e o curso escolhido podem significar variações nas tarifas.

Na Universidade Tsinghua, a melhor da China, os valores são distribuídos entre grupos de cursos e variam de 26 a 40 mil renminbi, ou seja, entre 4 e 6 mil dólares (ou entre 21 mil e 32 mil reais), em valores de agosto de 2021.

Além desses valores é preciso pagar a taxa de inscrição de 800 renminbi (no caso da aplicação pela universidade) e um valor igual para o seguro. É possível ainda conseguir um alojamento dentro do campus por preços entre 40 e 80 renminbi por dia (32 reais).

O CUCAS fez um levantamento da média de preços que os alunos podem esperar gastar na China. A tabela a seguir foi baseada nesses dados e inclui a média de gastos com anuidade, visto e custo de vida. Porém, como ressalta a organização, esses valores podem variar conforme a cidade escolhida, por exemplo.

Quanto custa estudar na China (em dólares americanos)

Taxa de inscrição

entre 90 e150

Anuidade

entre 3.300 e 9.900

Custo de vida

- Entre 740 e 830 (grandes centros)

- Entre 250 e 580 (cidades menores)

Visto

140

Os valores da anuidade são referentes a cursos de graduação. No caso de mestrados e doutorados existem duas formas de cobrança: a anual e a pelo tempo total do curso.

Na Universidade de Tsinghua, por exemplo, os cursos costumam ter taxas anuais em torno de 30 mil renminbi para os mestrados e de 40 mil renminbi no caso dos doutorados.

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Como conseguir uma bolsa de estudos na China?

A China tem tentado incentivar a chegada de alunos internacionais. A principal medida utilizada por eles é a distribuição de bolsas de estudos. Ao todo, são 3.488 auxílios listados no UCAS. Destas, 918 são bolsas integrais e custeiam tanto sua anuidade como custos de vida e acomodação.

As bolsas na China atendem alunos de todos os níveis de ensino superior (graduação, mestrado e doutorado). Existem cinco categorias de auxílio, mas é importante destacar que algumas delas não estão disponíveis em todas as instituições. Essas categorias são:

  1. Chinese Government Scholarship (também conhecida como China Scholarship Council - CSC): são bolsas integrais ou parciais oferecidas pelo governo chinês. Elas são divididas em 11 programas agrupados em 3 subcategorias de acordo com os países de origem dos estudantes e também com o nível de ensino pretendido.
  2. Local Government Scholarship: são bolsas oferecidas por 20 governos locais e geralmente não cobrem todos os seus gastos. Elas costumam ser listadas no site do CSC, mas seus processos de seleção são bastante diferentes das bolsas do governo nacional.
  3. University Scholarship: algumas universidades oferecem bolsas de estudos próprias. São mais de mil universidades na China e apenas 300 delas oferecem bolsas CSC. Por isso, algumas instituições que não são agraciadas oferecem auxílios não ligados ao governo para incentivar a chegada de alunos internacionais.
  4. Enterprise Scholarship: algumas empresas chinesas oferecem auxílios para alunos universitários para estreitar as relações entre a academia e o mercado de trabalho. Geralmente essas bolsas estão disponíveis apenas nas melhores universidades.
  5. Scholarship for Enrolled Students: essa é a única das cinco categorias de bolsas que não fica disponível para alunos do primeiro ano de curso. A desvantagem é que grande parte desses auxílios são apenas parciais.

Cada uma dessas categorias tem centenas de bolsas disponíveis. Existe uma ferramenta que te ajuda a buscar as bolsas de acordo com a sua universidade e nível de ensino escolhido. É importante ressaltar que nem todas as bolsas estão disponíveis para todas as nacionalidades.

Cada um desses auxílios tem critérios próprios para aprovação. Ainda assim, a grande maioria pede que os candidatos enviem cópias do histórico escolar, certificado de proficiência em mandarim ou inglês, cartas de recomendação e currículo. Ou seja, quanto melhor seu desempenho acadêmico, melhor as chances de conseguir estudar de graça na China!

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Este texto foi escrito por Lucas Almeida (2019) e Ana Resende Quadros (2021)

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Lucas Almeida
AUTOR

Mineiro, jornalista e mestrando em Comunicação. Entusiasta de idiomas, viagens e cibercultura. Tem o sonho de mudar o mundo, uma pauta de cada vez.

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