Se você sonha em estudar nos Estados Unidos ou está por dentro do mercado da educação, provavelmente já se deparou com o termo STEM. A sigla aparece com frequência em sites das instituições de ensino internacionais, seja de universidades ou de escolas de Ensino Médio. Atualmente, o termo tem se popularizado até no Brasil. Mas afinal de contas: o que é STEM? É isso que vamos te responder neste texto!
O que significa o termo STEM?
STEM nada mais é que uma sigla para Science, Technology, Engineering and Mathematics, (ou Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em português). Mais precisamente, esse termo se refere a um currículo baseado na ideia de educar estudantes nessas quatro áreas em uma abordagem interdisciplinar e aplicada.
Isso significa que no lugar de ensinar essas quatro disciplinas separadamente, o STEM as integra em um paradigma de aprendizado coeso, baseado em aplicações no mundo real. É possível delimitar alguns objetivos gerais para esse tipo de ensino como:
- Incentivar a inovação;
- Despertar o pensamento crítico.
Para assimilar melhor o que é STEM, é fundamental entender que o que separa esse currículo da educação tradicional em Ciências e Matemática é o ambiente de aprendizado combinado e a possibilidade de mostrar para os alunos como o método científico pode ser aplicado à vida cotidiana. Nos Estados Unidos, o incentivo ao ensino STEM começa desde muito cedo, ainda na escola, e se intensifica no ensino superior. Entenda como funciona:
Escola Primária
A educação STEM se concentra no nível introdutório e na conscientização dos campos e ocupações em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Esta etapa inicial fornece aprendizado estruturado baseado em padrões e em questões do mundo real, conectando todas as quatro áreas STEM.
O objetivo de começar o incentivo a essas disciplinas tão cedo é despertar o interesse dos alunos por afinidade e não por necessidade ou sentido de obrigação. Por isso há uma ênfase na ponte de oportunidades que a educação STEM cria entre a escola e o mundo fora dela.
Ensino Médio
Nesta fase, os cursos se tornam mais rigorosos e desafiadores. Ainda é buscada a conscientização dos alunos sobre os campos e profissões STEM, bem como os requisitos acadêmicos dessas áreas. A exploração por parte dos estudantes das carreiras relacionadas com STEM começa neste nível.
O programa de estudo concentra-se na aplicação das disciplinas de maneira desafiadora e rigorosa, já visando uma preparação para a faculdade e para o mercado de trabalho. Por conta disso, é dada uma ênfase maior ao número de oportunidades que podem surgir a partir da identificação do estudante com as áreas STEM.
Ensino Superior
Enquanto na escola o objetivo é demonstrar para os alunos que Ciência, Tecnologia, Matemática e Engenharia são áreas conectadas, no Ensino Superior é quando os estudantes se especializam em um desses campos. Ou seja, não existe um único diploma para quem quer estudar nessas áreas. Na verdade, cada um dos campos que compõem o STEM têm muitas opções que você pode escolher.
No campo das Ciências estão todas disciplinas de Ciências Naturais, que inclui cursos das áreas de Ciências da Vida (como Biologia, Medicina e Veterinária); Física e seus derivados (como Astronomia), além de Química e áreas afins. Só isso já abre um enorme leque de opções de carreira, desde a pesquisa científica até profissões bastante práticas.
Todos os cursos que envolvam Engenharia ou princípios da Matemática Aplicada também são considerados majors (graduações) do STEM. Mas talvez a área que mais integre todos os outros campos seja a Tecnologia. É nela que se encaixam cursos como Tecnologia da Informação e Robótica, por exemplo.
Na verdade, o campo de STEM é tão amplo que existe um debate de quais disciplinas integram a área ou não. Cada universidade é livre para classificar da forma como achar melhor. Algumas delas incluem até mesmo cursos de Ciências Sociais.
Uma fonte confiável para quem quer viver ou estudar fora do país é o Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos. O órgão elaborou uma lista com todos os cursos que eles consideram STEM e são necessários para o desenvolvimento nacional. Você pode conferir todos os cursos aqui, mas a listagem inclui:
- Agronomia;
- Animação, Videografismo e Efeitos Especiais;
- Biofísica;
- Bioquímica;
- Ciência da Computação;
- Engenharia Aeroespacial;
- Programação;
- Matemática e Estatística;
- Virologia;
- Webdesign.
Qual é a importância do STEM?
Você deve estar se perguntando por qual motivo o Departamento de Segurança Nacional dos EUA elaborou uma lista como essa, né? É que, apesar de não ouvirmos muito esse termo no Brasil, o mercado global tem um déficit muito grande de profissionais STEM.
Por essa razão, as carreiras ligadas a esses campos são vistas como prioritárias e super valorizadas nos países desenvolvidos. Só para exemplificar, o número de trabalhadores necessários para suprir a demanda das empresas nos Estados Unidos nessas áreas chega a 600 mil! No Reino Unido são 100 mil e na Alemanha, 210 mil.
Atualmente, o maior número de vagas STEM disponíveis a nível mundial se concentra nas áreas de Computação, Engenharias (em especial Engenharia Mecânica), Ciências Físicas, Ciências da Vida e Matemática. Segundo a Science Foundation, enquanto nas áreas STEM existem uma média de 1,7 vagas por pessoa, nas demais áreas são 4 pessoas por vaga.
Além de uma grande oferta de vagas no mercado de trabalho, as profissões STEM têm outra vantagem: elas nem sempre exigem ensino superior ou um diploma universitário. Aliás, menos da metade dos empregos de nível básico nessas áreas requer um diploma de graduação ou pós. No entanto, um diploma de quatro anos é muito útil em relação ao salário, que aumenta consideravelmente.
A Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos, órgão similar ao nosso Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), fez uma averiguação da média salarial e da perspectiva de crescimento de 100 profissões relacionadas ao STEM. Algumas profissões interessantes são:
Profissão STEM |
Crescimento previsto entre 2020 e 2030 |
Média salarial nos EUA |
Matemáticos e Estatísticos |
33% |
US$93.290/ano |
Desenvolvedores de Software |
22% |
US$110.140/ano |
Engenheiros Industriais |
14% |
US$88.950/ano |
Desenvolvedores WEB |
13% |
US$77.200/ano |
Engenheiros Químicos |
9% |
US$108.540/ano |
Administradores de Base de Dados |
8% |
US$98.860/ano |
Físicos e Astrônomos |
8% |
US$128.950/ano |
Analistas de Sistemas Computacionais |
7% |
US$93.730/ano |
Arquitetos |
3% |
US$82.320/ano |
Engenheiros de Hardware Computacional |
2% |
US$119.560/ano |
É importante lembrar que esses números são válidos para o mercado estadunidense. Ou seja, em outros países o crescimento de cada uma dessas profissões pode ser menor ou maior. Da mesma forma, os salários podem variar dependendo do mercado de trabalho de cada nação.
Qual o perfil de um estudante STEM?
Sem dúvidas, escolher um curso STEM, na graduação ou mesmo em um nível técnico, pode ser muito vantajoso. Isso vale tanto para os salários quanto para a facilidade em conseguir um emprego depois de formado. Esse é um dos principais motivos que fazem com que os estudantes escolham um dos cursos STEM.
Mesmo assim, ninguém merece trabalhar a vida inteira em uma área sem gostar dela, né? Por isso, talvez seja uma boa ideia avaliar quais são as habilidades necessárias para fazer um curso e trabalhar com STEM. Entre as características desejáveis estão:
1. Facilidade com Matemática
Nós já te contamos que a principal característica do ensino STEM é a integração entre as disciplinas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Mas, de todas as disciplinas que compõem esse ramo, a Matemática é a que mais se mistura às demais. Afinal de contas, pode ser que você passe por um curso de programação sem aprender conceitos de Biologia, mas certamente vai ter aulas de cálculo.
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A Matemática é usada como ferramenta em todas as grandes áreas do STEM. Em Ciências Naturais, por exemplo, ela é base para grande parte das pesquisas. Por isso, para fazer um curso STEM você ganha pontos se tiver alguma afinidade com a disciplina, já que vai passar um bom tempo se dedicando aos números.
2. Ter muita dedicação e criatividade
Os cursos de STEM tem fama de serem muito difíceis. Isso porque não basta decorar fórmulas, mas é preciso saber aplicar os seus conhecimentos para a resolução de problemas. E, para fazer isso, é preciso muita prática. Então, se você optar por esse caminho, pode esperar que a faculdade te demande uma alta carga de trabalho.
Além de ter muito trabalho para fazer, prepare-se para exercitar a sua criatividade. Os profissionais de STEM são os responsáveis por desenvolver soluções para melhorar a qualidade de vida da população. Isso requer pessoas criativas, que veem algo além dos demais, mas também que se dediquem para colocar os planos em prática.
Quais universidades oferecem melhores oportunidades STEM?
O STEM é um campo tão importante para o desenvolvimento econômico que muitas universidades se dedicam totalmente, ou em grande parte, a ele. É o caso de instituições como o Instituto de Tecnologia de Massachussets, o famoso MIT; o Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech); o ETH Zurique, na Suíça; e o KAIST, na Coreia do Sul.
No caso do MIT, além de ser a melhor universidade do mundo, segundo o QS World University Ranking, a instituição também é a líder nas áreas de “Engenharia e Tecnologia” e “Ciências Naturais” do QS by Subject. O MIT também ficou no TOP 10 de Ciências da Vida, em que conseguiu a 6.ª posição global.
O MIT é uma referência nas disciplinas do STEM (Foto: John Phelan/Wikimedia Commons).
Se você está procurando uma universidade ideal para fazer um curso STEM, o melhor lugar para procurar são os Estados Unidos. O país tem um excelente desempenho nos campos de Engenharia, Tecnologia e Ciências Naturais. Cerca de um quinto das universidades classificadas nas listas da QS são estadunidenses.
Os países que tiveram instituições classificadas entre as 10 melhores em Engenharia e Tecnologia foram os Estados Unidos (com três), o Reino Unido (também com três), Singapura (com duas), China e Suíça (com uma universidade cada). A lista completa você confere a seguir:
Instituição |
Localização |
1 - MIT |
Estados Unidos |
2 - Universidade Stanford |
Estados Unidos |
3 - Universidade de Cambridge |
Reino Unido |
4 - ETH Zurique |
Suíça |
5 - Universidade Tecnológica de Nanyang |
Singapura |
6 - Universidade de Oxford |
Reino Unido |
7 - Universidade da Califórnia em Berkeley (UCB) |
Estados Unidos |
8 - Imperial College London |
Reino Unido |
9 - Universidade Nacional de Singapura |
Singapura |
10 - Universidade Tsinghua |
China |
Existem bolsas de estudos para estudar na área?
O mercado tem uma grande necessidade de profissionais STEM. Sendo assim, governos e empresas tentam incentivar os estudantes a escolherem cursos da área. Uma das formas de fazer isso é oferecendo bolsas de estudo bastante generosas. Existem opções de graduação, pós-graduação e até mesmo cursos de pequena duração com bolsas que cobrem desde o valor do curso até todos os seus gastos.
Outra característica das bolsas para os cursos de STEM é a tentativa de diminuir a desigualdade de gênero. Os cursos de Ciências Naturais, Tecnologia, Engenharia e Matemática são conhecidos por terem mais alunos do que alunas. Mesmo quem se forma em cursos STEM pode ter dificuldades com o preconceito de gênero no mercado de trabalho. Por isso, algumas instituições oferecem bolsas exclusivas para mulheres.
A verdade é que existem bolsas adequadas para todo perfil de aluno. O Becas Santander, por exemplo, tem parcerias com universidades do mundo inteiro para dar oportunidades para quem quer aprender STEM. Alguns dos exemplos de bolsas oferecidas por esse programa são:
- Emerging Technologies Program by MIT Professional Education: É um programa com 400 vagas para o ensino de tecnologias inovadoras oferecido pelo MIT. O curso é virtual e, quem consegue a bolsa, pode estudar de graça e receber um certificado da melhor universidade do mundo.
- Programa STEM Mulheres da América Latina e da Ásia da UVA: É uma bolsa destinada a mulheres que queiram fazer um mestrado na área de STEM na Universidade de Valladolid, na Espanha. O auxílio cobre os valores do curso, da passagem e ainda oferece 650 euros mensais para viver por lá.
O que você precisa para conseguir uma bolsa assim?
Agora você já sabe o que é STEM, qual a importância dessa área e até que é possível estudar nas melhores universidades do mundo desse ramo com uma bolsa. Mas ainda falta um detalhe: saber o que fazer para conseguir uma oportunidade assim. Se você ficou com vontade de entender como funcionam os auxílios internacionais, clica aqui para aprender sobre os 11 tipos de bolsas de estudos dos EUA e aqui para conhecer 25 das melhores bolsas de estudos internacionais!
Este texto foi escrito por Rafael Cerqueira (2019) e Ana Resende Quadros (2021)