Se você está terminando o Ensino Médio e quer ingressar na faculdade aqui no Brasil, provavelmente não tira a cabeça do Enem. Mas você sabia que vários países têm suas próprias provas para entrar na faculdade? Nos Estados Unidos, por exemplo, os alunos fazem o SAT, que serve para entrar em universidades de todo o mundo. Mas qual será a prova mais fácil: Enem ou SAT? É isso que vamos descobrir hoje!

Quais são as provas para entrar na faculdade?

Nós já comentamos que cada país tem suas próprias provas para entrar na faculdade, né? A maioria dos sistemas de ingresso nas universidades funciona de forma similar ao que acontece aqui no Brasil, ou seja, você faz uma prova padronizada e depois usa essa nota em um sistema único de seleção, como o Sisu, ou aplica diretamente para a universidade.

Algumas das provas mais famosas são o SAT ou ACT. Essa fama é porque as provas estadunidenses podem ser usadas em outros países também. Mas existem outros exames populares, como:

As provas do Advanced Levels (ou A-levels) são o equivalente britânico do Enem. Mas essa talvez seja a prova mais diferente do nosso Exame Nacional do Ensino Médio. Isso porque os A-levels não são um único exame. Cada disciplina tem uma prova diferente. Geralmente, você tem que escolher três disciplinas para fazer o exame.

Este é o  Exame Nacional de Acesso ao Ensino Superior da China. Ele é realizado pelos estudantes no fim do Ensino Secundário Sênior. A prova acontece uma vez por ano e a nota é um dos critérios de ingresso na universidade;

Essa é a versão japonesa do Enem. O Japão oferece uma prova padronizada para os seus alunos desde 1979, embora ela tenha mudado de nome e formato ao longo dos anos. Em 2021, o teste passou por uma reformulação, ganhando o nome atual e introduzindo questões escritas de japonês e matemática.

O Teste de Habilidade Escolar coreano é uma das provas mais parecidas com o Enem. E isso não é à toa, já que o exame brasileiro foi inspirado nele. O Suneung tem 8 horas de duração total (com pausa para  almoço) e se divide em seções de coreano, matemática, inglês, ciências sociais, ciências da natureza, educação vocacional e língua estrangeira.

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As Provas de Acesso à Universidade, também chamadas de “Selectividad” são a versão espanhola do Enem. Existem três versões da prova, mudando de acordo com a sua faixa etária. Em todas elas caem conteúdos de espanhol, literatura, língua estrangeira e história, além de disciplinas específicas, de acordo com o curso escolhido.

O Baccalauréat, mais conhecido como o Bac, é o exame final do Ensino Médio na França. Ele é um dos testes mais diferentes do nosso Enem. São três versões distintas da prova, variando entre profissional, tecnológico e geral.

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Todas as versões têm provas de francês, geografia, história e filosofia. Além dessas disciplinas, é preciso escolher entre três linhas (literatura, ciências sociais ou ciências naturais). A linha que você escolher vai determinar que tipo de curso você pode fazer na faculdade.

Ainda que existam todas essas opções, as provas de acesso a universidade mais comuns entre os brasileiros são mesmo o Enem e o SAT. Se você pretende fazer as duas provas (para garantir uma vaga tanto no Brasil quanto no exterior) é importante saber as diferenças e as similaridades entre os exames. Vamos nessa?

Como funciona o Enem?

O nosso Exame Nacional do Ensino Médio é uma prova organizada pelo Governo Federal, por meio do Inep. Ele existe desde 1998, mas de lá para cá passou por diversas transformações, tanto no formato quanto na sua utilidade.

O início do exame

Há mais de 20 anos o Enem era apenas um exame opcional no fim do Ensino Médio. A prova era realizada em um único dia com 63 questões e uma redação. Na época, o objetivo era apenas verificar como estava o desempenho dos alunos depois de concluírem a educação obrigatória.

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A primeira edição do Enem contou com cerca de 100 mil estudantes, muito distante dos 3 milhões que fizeram a edição 2021 da prova. Nos anos seguintes a participação aumentou, batendo a casa dos 1 milhão de alunos em 2001.

Em 2005, o Enem passou por uma grande transformação. Apesar de o número de questões ter permanecido o mesmo, o exame ganhou uma nova função. A partir daquele ano os estudantes poderiam concorrer a uma bolsa em universidades particulares com a nota do Enem. Assim nascia o ProUni, que existe até hoje.

(foto:Alison wood/Wikimedia Commons)

Um novo formato

Foi apenas em 2009 que o Enem se transformou no que conhecemos hoje. Aquele foi o primeiro ano que o exame seria usado para o ingresso em universidades públicas. Para isso acontecer, a prova teve que passar por muitas transformações.

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Desde então o Enem passou de 63 para 180 questões e uma redação. Como o número de perguntas quase triplicou, o tempo para a realização do exame também teve que aumentar. A partir daí a prova foi dividida nas quatro seções que conhecemos hoje e passou a ser realizada em dois dias.

No formato válido a partir de 2009, os candidatos faziam 45 questões de Ciências Humanas e 45 questões de Ciências da Natureza em um sábado. No dia seguinte, era a vez das 45 perguntas de Linguagens e Códigos (incluindo 5 de espanhol ou inglês), 45 de Matemática e uma redação.

Até hoje a prova do Enem tem esse mesmo número de questões e continua com as mesmas seções. Porém, a partir de 2018 a prova é feita em dois domingos. A ordem das provas também mudou:

No 1.º domingo

O tempo total para a realização do exame é de 5 horas e 30 minutos. 

No 2.º domingo

O tempo total de realização da prova é de 5 horas.

A nota do Enem

A nota do Enem é divulgada cerca de dois meses depois do exame. O gabarito é disponibilizado antes, mas apenas com o número de acertos é difícil saber qual será a sua nota final.

Isso acontece porque a nota do Enem não é calculada pelo número de questões corretas, mas pela constância das suas respostas. O sistema usado se chama Teoria da Resposta ao Item, ou TRI. Nesse sistema, as questões mais acertadas pelo total de candidatos valem menos, enquanto as menos acertadas valem mais.

Ou seja, a princípio, quem acerta mais questões que outros candidatos erraram tiram uma nota maior, certo? Não necessariamente. Dependendo do número de questões difíceis que você acertou, pode ser que o sistema ache que você chutou a resposta, então sua nota diminui.

Como funciona o SAT?

A sigla SAT significa Scholastic Aptitude Test, ou seja Teste de Aptidão Escolar. Já pelo nome dá para perceber que a proposta é mais ou menos a mesma que a do Enem. Porém, ao contrário do nosso exame, o SAT não tem vínculos com o governo dos Estados Unidos ou de nenhum outro país.

Na verdade, o SAT é uma iniciativa do College Board. Essa instituição existe desde o ano de 1900 e é formada por um conjunto de universidades que se uniram com o objetivo de criar critérios de avaliação padrão para o ingresso em cursos superiores.

História da prova

Ainda que o College Board tenha sido criado em 1900, o Scholastic Aptitude Test (SAT) foi desenvolvido bem mais tarde, em 1926. O exame era realizado por um comitê organizador e tinha perguntas sobre áreas como gramática, uso da linguagem, aritmética e lógica.

Um dos problemas da época era a grande quantidade de questões e um curto tempo de realização. Inicialmente, o teste tinha 315 questões que deveriam ser respondidas em 90 minutos. Ou seja, os alunos tinham cerca de 17 segundos para responder cada questão!

Já deu para perceber que não era um tempo muito viável para fazer a prova, né? Por isso, nos anos seguintes, o SAT passou por reformulações. Houve um tempo que a seção de matemática foi totalmente retirada, mas a disciplina voltou logo em seguida.

O funcionamento das notas também mudou muito ao longo dos anos. O principal questionamento era a impossibilidade de comparar notas de anos diferentes. Ou seja, para ser uma comparação justa, os alunos teriam que fazer as provas todos os anos.

Com quase 100 anos de história, é comum que o SAT  tenha passado por tantas mudanças. Afinal de contas, a sociedade de hoje não é a mesma do começo do século XX. Até mesmo a abordagem da disciplina nas escolas mudou de lá para cá. Mas como é a prova hoje?

Entenda o formato e a nota

Atualmente, o SAT é composto por 154 questões. Elas se dividem em duas seções: uma de inglês e outra de matemática. O tempo total para a realização da prova é de 180 minutos, ou seja, três horas. Mas esse tempo não pode ser dividido da forma que o candidato quiser. 

Cada uma das seções do SAT é subdividida em outras duas seções. Cada uma delas tem um número de questões diferentes para ser realizada. A prova de inglês (“Evidence Based English and Writing”), também tem tempos diferentes dependendo da seção. Funciona assim:

Seção

Questões

Tempo

Leitura

52 (múltipla escolha)

65 minutos

Escrita e Linguagem

44 (múltipla escolha)

35 minutos

Matemática

20 questões de múltipla escolha sem calculadora

80 minutos

38 questões de múltipla escolha com calculadora

A nota do SAT é a soma das notas das seções de Inglês e Matemática. Cada uma delas tem o valor mínimo de 200 e máximo de 800 pontos. Ou seja, a nota mínima do exame é de 400 pontos (caso você tire o mínimo em ambas) e a máxima de 1600 (caso você atinja o máximo nas duas).

De forma simplificada, o seu número de acertos é convertido nesta escala de 200 a 800. Porém, são feitos alguns ajustes no resultado bruto para amenizar as diferenças de dificuldades entre as provas. Isso acontece porque o SAT é aplicado várias vezes ao ano em versões diferentes.

Quais são as principais diferenças entre o Enem e o SAT?

Até aqui você já viu que o Enem e o SAT podem até ter, hoje, o mesmo objetivo, mas as duas provas são bastante diferentes. Isso vale tanto para a história das provas (criadas por propósitos diferentes) quanto para o formato e o conteúdo. As principais diferenças entre os dois exames são:

1. O conteúdo

Uma das principais diferenças entre o Enem e o SAT é o que cobram na prova. Você já sabe que a prova dos Estados Unidos não têm seções dedicadas às Ciências Humanas nem às Ciências Naturais, mas isso não quer dizer que esses conteúdos não apareçam no exame.

Lembra que o SAT tem uma seção chamada de “Evidence Based Reading and Writing”? É nessa seção que aparecem conteúdos de outras disciplinas. A grande diferença entre essa prova e o Enem é que todas as respostas já estão na prova.

Qual é o conteúdo do SAT?

Isso quer dizer que você não precisa ter conhecimentos prévios de História ou conhecer as fórmulas da Física, por exemplo. O que o SAT quer saber é se você consegue interpretar os textos que foram apresentados e tomar decisões com base em evidências (por isso o evidence based).

2. O tempo

Outro ponto que diferencia muito o SAT do Enem é o tempo para a realização do teste. A prova brasileira demora, no tempo total, 10 horas e 30 minutos. Nesse tempo, os candidatos respondem 180 perguntas e fazem uma redação. Ou seja, você tem cerca de 3 minutos para responder cada pergunta.

Nesse cenário, ainda sobram 30 minutos para preencher o gabarito no primeiro dia e 1 hora para preencher o gabarito e fazer a redação. Mas o Enem tem uma grande vantagem: você escolhe quanto tempo irá gastar em cada prova.

No Exame Nacional do Ensino Médio você recebe todas as provas do dia de uma só vez. Por isso, é possível escolher entre fazer primeiro a redação ou as questões de múltipla escolha e em que ordem isso será feito. É você quem decide se vai levar 30 ou 5 minutos para preencher o gabarito. Está tudo nas suas mãos.

Por outro lado, o SAT acaba sendo mais engessado, já que o candidato tem um tempo limite para cada uma das seções da prova. Se levássemos em conta o tempo total e o número de questões, os candidatos teriam cerca de um minuto para fazer as questões. Mas, na realidade, o tempo fica assim:

Seção

Tempo por questão

Leitura

75 segundos

Escrita e Linguagem

48 segundos

Matemática

75 segundos sem calculadora

86 segundos com calculadora

3. O preço

Tanto o Enem quanto o SAT cobram taxas de inscrição. O College Board cobra 95 dólares pelo SAT, enquanto o MEC cobra 85 reais pelo Enem. Se real e dólar tivessem o mesmo valor, não haveria muita diferença entre as duas provas neste quesito. Porém, esta não é a realidade atual.

Em novembro de 2021, um dólar custa em torno de R$5,60. Ou seja, para os brasileiros, a prova estadunidense custa em torno de 530 reais. Um preço bastante salgado. Infelizmente, brasileiros que estudam no Brasil não podem pedir a isenção da taxa de inscrição do SAT. Por outro lado, o Enem pode sair de graça para alunos do terceiro ano do Ensino Médio em escolas públicas brasileiras.

4. A importância na sua aprovação

Você já sabe que tanto o Enem quanto o SAT servem para ingressar em uma universidade. Porém, aqui no Brasil, a sua aprovação ou não em uma boa instituição de ensino superior depende única e exclusivamente do seu desempenho no Enem.

No Sistema de Seleção Unificada brasileiro você insere suas notas e elas são comparadas às dos outros milhares de candidatos que fizeram o Enem. Já nos EUA a situação é diferente. Por lá, as notas do SAT são apenas uma parte da aplicação, mas existem vários outros critérios considerados na hora da aprovação.

Passo a passo: como fazer faculdade nos Estados Unidos

A diferença é que o sistema de seleção nos EUA é holístico. Isso quer dizer que eles levam em consideração o contexto em que o aluno está inserido. Além do resultado do SAT, as médias das suas notas na escola (GPA), suas atividades fora da sala de aula, a opinião de seus professores sobre você e até a sua motivação são avaliadas.

5. A aceitação

Mesmo que tanto o Enem quanto o SAT sejam usados para dar acesso ao ensino universitário, elas não te guiam para as mesmas universidades. Quem faz o Enem consegue entrar na maioria das universidades brasileiras. Já o SAT permite que você ingresse em universidades em todos os cinco continentes.

O principal país que aceita o SAT é os Estados Unidos. Desde o início da pandemia de Covid-19 nem todas as instituições exigem o exame, mas fazer o SAT aumenta as suas chances de conseguir a vaga. Clicando aqui, você descobre todas as universidades fora dos EUA que também aceitam as notas do SAT.

Enem ou SAT: qual é mais fácil?

Depois de tudo que você leu aqui, deu para perceber que uma das únicas semelhanças entre o SAT e o Enem é que as notas são usadas nas seleções universitárias. Por isso mesmo, chegar à conclusão de qual dos dois exames é mais fácil é uma tarefa complexa.

Olhando apenas para o formato das duas provas, pode ser que a impressão seja de que o SAT é mais fácil. Afinal de contas, o conteúdo a ser estudado é bem menor. Porém, não se engane, o SAT é bem mais complexo que o nosso Enem.

E a prova é ainda mais difícil para nós, brasileiros. O principal motivo para isso, claro, é porque a prova é toda em inglês. Muitas questões do SAT dependem da sua compreensão da língua, o que pode ser uma barreira para algumas pessoas.

Outro ponto que pode iludir é a permissão para o uso de uma calculadora. Porém, você deve ter reparado que você tem mais tempo para as questões que permitem o uso do equipamento. Ou seja, essas perguntas são mais complexas que as convencionais.

Se você ainda não conhece a prova, veja aqui algumas questões de Matemática do SAT comentadas e aqui algumas da prova de Inglês. Mas não se preocupe, mesmo tendo um estilo diferente do que estamos acostumados, é, sim, possível se sair bem, desde que você treine bastante.

É possível estudar no exterior com as notas do Enem?

O SAT é a mais popular entre as provas para entrar na faculdade, ainda que ela não seja a mais fácil do mundo. Porém, se você não fez essa prova, existem muitas universidades que aceitam a nota do ENEM como forma de ingresso. Clique aqui para ver em quais países isso é possível, ou então baixe nosso e-book para descobrir quais universidades estrangeiras aceitam a nota do Enem. É só clicar aqui!